sábado, 5 de novembro de 2011

Peritos em Jesus

Estou lendo vários livros. Um deles chama-se “A arte de ser discípulo”, de Amedeo Cencini. Outro que estou lendo e aproveito para  indicar. "Reencarnação ou ressurreição: uma decisão de fé", de Renold J. Blank, publicado pela Paulus.  E ainda, "Jesus - aproximação histórica" de José Antonio Pagola, livro publicado pela editora Vozes e que contém quase 700 páginas. Estou na página 111. Mas quero, pelo menos para este texto, me fixar numa obra específica, escrita pelo Papa Bento XVI, e que ainda estou na metade da leitura. Chama-se “Os apóstolos e os primeiros discípulos de Cristo – nas origens da Igreja”, publicado pela Paulus.  Nesta obra, o Papa destaca, sob a luz dos evangelistas, o que foi decisivo para que, após convidados por Jesus, os apóstolos continuassem junto com ele. Primeiro, o Papa cita o evangelista Marcos como fonte, logo no início do livro: “Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar pousou sobre duas duplas de irmãos:  Simão e André, Tiago e João. São pescadores, empenhados em seu trabalho quotidiano. Lançam as redes, e as recolhem. Mas outra pesca os espera. Jesus os chama com firmeza, e eles o seguem imediatamente: agora serão pescadores de homens”.
  Depois, a fonte  é o evangelho de Lucas. “Mostra o caminho da fé dos primeiros discípulos, esclarecendo que o convite para o seguimento lhes chega depois de terem escutado a primeira pregação de Jesus e experimentado os primeiros sinais prodigiosos por ele realizados. Em particular, a pesca milagrosa constitui o contexto imediato e oferece o símbolo da missão que lhes foi confiada. O destino desses ‘vocacionados’, dali em diante, estará intimamente ligado ao de Jesus. O apóstolo é um enviado, mas, antes disso, é um ‘perito’ em Jesus”. Vejam só o que foi dito, faço questão de repetir: o apóstolo é um enviado, mas, antes disso, é um ‘perito’ em Jesus.
            Mais adiante, Bento XVI se apega ao evangelho de João: “A presença dos futuros discípulos, provenientes da Galiléia, assim como Jesus, para viver a experiência do batismo administrado por João, ilumina o seu mundo espiritual. Eram homens na expectativa do Reino de Deus, desejosos de conhecer o messias, cuja vinda era anunciada como iminente. Para eles, basta a indicação de João Batista, que aponta em Jesus o Cordeiro de Deus, para brote neles o desejo de um encontro pessoal com o mestre. As frases do diálogo de Jesus com os dois futuros apóstolos são muito expressivas. Á pergunta: ‘O que procurais?’ eles respondem com outra pergunta: ‘Mestre, onde moras?’. A resposta de Jesus é um convite: ‘Vinde e vede’. Vinde para poder ver.”
Bento XVI, ainda se utilizando do evangelho de João, reforça que a aventura dos apóstolos começa como um encontro de pessoas que se abrem reciprocamente. “Começa para os discípulos um conhecimento direto do mestre. Vêem onde mora e começam a conhecê-lo. De fato, não serão anunciadores de uma idéia, mas testemunhas de uma pessoa. Antes de serem, enviados a evangelizar, deverão ‘estar’ com Jesus, estabelecendo com ele uma relação pessoal. Sobre essa base, a evangelização nada mais será do que um anúncio daquilo que foi experimentado, e um convite para entrar no mistério da comunhão com Cristo”. Vou repetir o que escreveu Bento XVI sobre o convite feito por Jesus aos primeiros apóstolos: “De fato, não serão anunciadores de uma idéia, mas testemunhas de uma pessoa. Antes de serem, enviados a evangelizar, deverão ‘estar’ com Jesus, estabelecendo com ele uma relação pessoal”.

            O apóstolo é um enviado, mas antes disso, um ‘perito’ em Jesus. Os apóstolos foram ver e conhecer Jesus. Tiveram com ele uma experiência pessoal que os encorajou à missão. Quantos catequistas estão na missão mas não sabem nada de Jesus, desconhecem a sua história e com isso, não fortificam a sua crença. Por isso, não convencem, não encorajam outras pessoas, não tocam corações e desistem diante da primeira dificuldade. Tratam a evangelização apenas como anúncio de idéias e não agem como testemunhas de uma pessoa. Com isso, não estabelecem com Jesus uma relação pessoal.
            Por isso eu reforço o que tenho dito, às vezes de forma indireta através dos textos que escrevo e nas palestras que sou convidado a proferir: existe a  necessidade urgente de uma ‘reevangelização’ de todos aqueles que se dispõem ao trabalho de anuncio do evangelho.
            Através dela, precisamos entender qual é de fato o verdadeiro caminho de Cristo, seus desafios, seus espinhos e seus interesses atuais e, antes de qualquer coisa, precisamos  de uma experiência pessoal e definitiva, que provoque em nosso coração o desejo de mudar a nossa vida em prol de um projeto maior.
            É neste encontro que encontraremos o real sentido da missão e a coragem necessária para prosseguir na caminhada que estamos sendo convidados.
Se não for assim, é anúncio de idéias, e não uma relação pessoal. Apenas, tão somente, anunciar idéias, não converte, não anima, não transforma, não edifica.
            Experimentar Cristo e a partir daí redescobri-lo, é urgente para continuar evangelizando!

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